Courage

Meninas... me perdoem... Eu não estou nem conseguindo Entrar aqui no blog por pura falta coragem. Isso, coragem.
Queria agradecer a todas. Sem excessão. Peço novamente que me perdoem por não estar comentando... Mas, atualmente, eu não estou em condições de dar conselhos nem opinião nenhuma...
E, queria dizer pra Sofia, que quando recebi o depoimento dela, eu chorei. Não tem palavras que descrevem o quanto você é especial pra mim.
E, baseado num dos conselhos que a Sofia me deu uma vez, eu escrevi uma carta pro meu namorado, e lerei pra ele quando nos vermos.
Vou colocar a carta aqui, já avisando, que é uma biblia... Nem se preocupem em ler... Só estou colocando aqui pra mostrar pra vocês o quão confusa eu estou. E nessa carta fala tudo o que eu decidi naquele FDS. E fala muito mais...
Parece mais uma carta de suicídio, e talvez seja...

Não sei escrever em palavras e em tempo exato o que eu senti esses dias. Passou tudo rápido demais.
Desde ódio, uma ira sem proporção... Até conformidade, mas não um alivio total.
Não vou dizer que eu estou feliz. Não quero mais mentir... Não suporto mais mentir...
Minha alimentação e meu corpo são as unicas coisas que eu posso controlar da minha maneira.
É tão dificil dizer o QUANTO eu prezo isso... Porque... Era algo que me faz esquecer coisas desagravádeis - como um fone de ouvido te separando do mundo medíocre ao seu redor.
E no lugar dessas coisas desagradáveis, uma obsessão por números... Por numeros cada vez menores...
Mas eu quero falar sobre esses dias que acabei de viver.
Quando eu pedi ajuda, eu não sei direito a ajuda que eu estava pedindo... Sinceramente, aquilo foi um momento de fraqueza... FRAQUEZA MASTER. E eu não me permiti pensar sobre isso naquela noite... Eu tinha medo, um medo puro de que meus pensamentos decidissem por mim. É verdade... Meus pensamentos decidem por mim. Há uma outra pessoa no fundo da minha mente me dizendo exatamente o que fazer. E essa voz é mais forte do que eu. E até hoje, eu não sei se essa voz é um monstro ou um anjo...
Comer não é uma coisa normal. Eu cheguei a essa conclusão. Comer não me deixa feliz. Comer não me traz prazer. Comer me engorda. Como já dizia a sua querida Angelina Jolie, "O que me nutre me destrói". A Angelina Jolie é perfeita, não?
Eu tentei com todas as minhas forças aceitar que EU não sou normal, que eu sou doente, tentei mesmo! Por favor, não duvide disso! Mas a unica certeza que eu consegui aceitar foi a que eu não estou suportando essa contradição. Contradição, porque, eu sou gorda. Sim, eu me sinto gorda. NINGUÉM é gorda pesando 41,1kg!!! Porque eu sou?! Crio mais metas... E, me impeço de ter mais sonhos... Não vou ter nada se não chegar naquela meta!! É isso que me move... Isso me fará feliz... Aquela meta me fará feliz...
Ao mesmo tempo que eu estou tão perto de chegar onde, por um ano, eu tenho lutado incansavelmente, e estou disposta a morrer por isso... Ao mesmo tempo eu te encontro. Por um momento, eu me encontro. Isso é mais dificil de explicar ainda... Eu me sinto na obrigação de acabar com tudo isso que eu me tornei... E então a minha personalidade se divide.
Uma diz: "Você é a unica que pode acabar com isso! Você sabe! Acabe com tudo agora! Sem perda de tempo! O tempo é crucial!"
E a outra diz "Você pode acabar com tudo... Mas justamente agora? Jogar TUDO FORA, TUDO PELA JANELA o que você conseguiu? Você não está feliz de estar pesando menos 10kg? Você vai jogar fora sua UNICA satisfação pessoal?! A unica coisa que você faz por vontade própria?!"
E a contradição continua... E sempre vai continuar...
É extremamente inexplicavel o bem-estar causado por um dia sem por nada na boca - não é uma vitória - é um dia que eu cumpri minha obrigação... Não, mais do que isso... É saber que aquele dia não foi um fracasso. Que eu não disperdicei o esforço que fiz a semana inteira. O mês inteiro. O ano inteiro.
E é exatamente assim que eu estou me sentindo agora... Um fracasso...
Você nunca vai entender... Ninguém nunca vai entender... NUNCA!
Eu não acredito estar num estágio tão crítico da anorexia a ponto de morrer. Eu sei que eu estou caminhando pro meu túmulo, mas é um preço que eu aceitei pagar... E enfim você apareceu. E eu não sei se vou conseguir pagar esse preço... Eu sei que eu posso emagrecer mais! Eu não estou num estagio tão crítico da anorexia ao ponto de ver gordura aonde não tem! Eu não sei até que ponto essa história de "visão distorcida da realidade" é verdade... Eu olho pro espelho, vejo meus ossos, mas eles estariam mais bonitos se fossem mais expostos... Sim... Eu vejo aquela barriga, sim, aquela barriga me encomoda de uma maneira inexplicável...
O que são 40kg? Pra mim, era o estágio da perfeição. 40kg = felicidade. Estou feliz? Estou, mas não o suficiente... Eu quero mais... Quero 35kg... Até, às vezes, eu me pego pensando... "35 me fará feliz? Será que 30 me faria mais?"
Você acha isso uma doença?
Eu já não sei se isso é uma doença... Isso sou eu!!! Afinal, eu me sinto gorda... Eu me vejo gorda! E você riu quando eu te disse isso... Você riu da minha cara... Você riu da maneira que eu sou estúpida, não é? Todos riram. Todos sempre riram. 45kg seria o peso ideal, para um mulher ideal. Eu não sou essa mulher... Eu tento ser, mas não sou. Altas... Magras... Bonitas... Eu me deparo com essa realidade todos os dias. É algo que me motiva a chorar a noite inteira. Você acha... Que eu gosto da maneira que me olham? E quando me veem comendo? Você acha que eu gosto? E quando eu sento, e minha barriga se dobra em duas por causa das gorduras daquela minha compulsão... Acha que eu desfruto disso? Eu não gosto. Eu não gosto de mim. Aliás, eu me odeio. Odeio meu nariz que parece que já foi quebrado duas vezes, odeio minhas bochechas redondas e gordas, odeio minha orelha de abano que eu escondo debaixo do cabelo... E as minhas pernas? Elas podiam ser mais finas! Assim como a minha cintura também podia! E o meu cabelo? Ele é grande o suficiente? Tem uma cor bonita o suficiente? EU SOU BONITA O SUFICIENTE?!
Eu odeio tudo isso... Eu não me sinto nenhum pouco confortável em minha pele.
Você pensa que eu fujo disso, assim como eu fujo de tudo? Não. Eu não fujo. Já tentei saídas como mudar a cor do cabelo, mudar o corte, mudar o esmalte, fazer piercings, tatuagens, mudar o estilo da maquiagem, mudar o estilo das roupas... E eu continuo encarando tudo com um olhar de indgnação na frente do espelho, uma expressão com nojo daquilo que vê... Talvez, colocar um saco de pão na cabeça seria mais eficaz. Ou morrer. Morrer. Me matar. Acabaria com todo esse tormento. Nunca deveria ter nascido. Eu posso ser melhor... Sempre esteve tudo em minhas mãos... E, agora? Estou feliz? Não.
E quando eu subo naquela maldita balança, e vejo os numeros - menores do que da ultima vez que subi... Eu estou me sentindo Feliz? Não... Só mais um pouco... Um pouco mais... SUA VACA GORDA!
Falando um pouco mais da ajuda que eu aceitei... Sabe, eu imagino, nós dois, defronte a psicólogos, nutricionistas, e até especialistas em Transtornos Alimentares. Na minha cabeça, por mais que eu tente refazer a cena... É sempre a mesma...
Eles olham pra mim, fazem uma ficha, algumas perguntas, me medem, me pesam... E enfim, simplesmente falam o que eu semrpe desconfiei "Você não está doente. Você está num peso ideal" PS: 'Peso ideial' pra não falar acima do peso. E então, me dariam um planejamento de 1.000kcl por dia, e sairiam com aquela expressão cansada, reclamando da perda de tempo. Eu estou sendo sincera. Paranóica? Doente? Essa sou eu. Eu, sinceramente, não consigo imaginar outra expressão das pessoas, a não ser "Porra, que perda de tempo"
Eu, pessoalmente, sou uma total perda de tempo. Eu minto todos os dias pra proteger esse segredo que você sabe. Eu não consigo adimitir esse segredo pra mais ninguém! Tenho medo de pensamentos, olhares, tenho medo de tudo! E, pra quê eu iria contar?! Pra rirem de mim, como você fez, e acharem uma perda de tempo?! Uma frescura?! Uma tentativa de atenção?!
Isso é um circulo vicioso... Sempre encontraremos mais perguntas...
EU TENHO NOOJO DE MIM. NOOOOOOOOJO!
Quando, eu te disse, que eu nãoi era ninguém antes de te conhecer... Era verdade. A mais cruel e sincera verdade. Eu era a "Ah, irmã da fulana", ou "A prima da tal", ou então "Aquela ruiva lá" era quem eu era. E, escondendo lá no fundo, os pensamentos de números... Eu não podia dormir antes de planejar tudo o que eu ia fazer no dia seguinte, exatamente o que ia comer, exatamente quantas calorias cada coisa tinha, exatamente as desculpas que eu ia dar, exatamente as roupas que eu ia usar... Eu planejava ser quem? Outra pessoa. Sempre assim.
E, agora, entra a parte da história que você está exausto de ouvir: Quando eu te conheci.
Foi um terremoto de pensamentos, de sentimentos... "Eu não posso ser feliz, eu não sou magra, eu não sou bonita... ESTÁ TUDO ERRADO!" Eu estava tão perdida, tão confusa, que não notei o quanto você se tornou parte de mim. E, novamente, minha personalidade se divia.
Uma, dizia "Você pode ser feliz, está vendo? Ele gosta de você assim como você é! Desse jeito! Agradeça pela anna por fazer você assim!"
E a outra dizia "Você pode ser melhor, ele gostará mais ainda de você!"
Eu não vou afirmar que escutei a primeira voz e deixei de lado a outra. Não é verdade. Mas eu me esforcei tanto.... Me esforcei pra entender que você gostava de mim daquela forma... Mesmo os pensamentos me atormentando... Eu lutei mil vezes pra estabilizar a normalidade... Mesmo ainda contando cada kcl, mesmo ainda fazendo planos, dando desculpas, usando roupas largas e que escondessem as marcas do que foi uma compulsão e uma punição... E ainda observando suas amigas mais magras do que eu... Mais bonitas...
Bem, então, aconteceu o que aconteceu, não vale a pena mencionar. Mas o meu mundo caiu. Foi outro terremoto, uma guerra nuclear... Tudo dentro demim... Não vou botar a culpa em você pelo que aconteceu depois, eu quero que você entenda que os pensamentos já existiam, a anna nunca me abandonou, e eu acreditava em coisas que não existiam. E, o desespero retornou. Como eu pude deixar tudo isso de lado? Como eu pude largar meu sonho por alguém que eu nem conhecia?
E, agora, as duas vozes não estavam mais em contradição. Cada uma dava um conselho novo a cada segundo, um insentivo a cada instante... "Você pode ser melhor, ele fez aquilo porque você não é boa o suficiente. Está vendo? Mas agora... Faça isso por você"
E desde então, eu ainda me culpo por não ser a garota perfeita. Nem pra você... Nem pros meus pais... Nem pra mim...
Desde criança, todos depositam confiança excessiva em mim... Eles esperavam uma adolescente com um futuro impecável... Me lembro perfeitamente de todos tios, tias e parentes dizendo:
"Futura modelo da familia... Eu que vou te levar naquelas agências!"
"Essa menina vai ser linda... Prepara a espingarda quando aparecer os rapazes, hein"
"Imagina só se virar uma cantora..."
E o que isso causava em mim na época? Conforto. Eu ficava durante horas imaginando esse "futuro brilhante" Como todos esperavam... Como eu esperava...
E o que eu me tornei? Isso que eu sou hoje. Tenho nojo até de descrever.
O que será que eles sentiram ao ver aquele "futuro brilhante" virou? Desapontamento? Não, muito mais... Mas nada comparado ao que eu senti... Nada comparado...
Eu tenho autoestima afinal? O que é autoestima? Eu tenho um orgulho a prezar? Eu tenho um orgulho contruido com suor?
Você, médicos, whatever, podem me fazer comer... Podem me fazer me sentir uma ogra a cada mordida... Podem estar salvando a minha vida... Mas vocês podem fazer eu parar de contar as kcl? Vocês podem me fazer parar de me punir por uma compulsão? Vocês podem me fazer parar de ficar observando outras mulheres mais magras e mais bonitas do que eu? PODEM? Eu continuarei sendo um nada... Continuar desconfortável em minha propria pele...
Isso é um pedido de ajuda?
Ou um apelo pra morte?
Eu já não entendo mais nada... Eu já não sei de mais nada...
Nessa biblia que eu escrevi, eu só falei dos meus sentimentos a respeito dos TAs, Mas não falei dos meus por você. Por favor... Não se culpe por nada. A culpada disso tudo sou eu. E eu sinceramente, não sei mais o que fazer...
Está tudo tão errado...
Eu só espero, sinceramente... Que algo dê certo...